Passavas como rainha,
E eu, que andava como morto,
Parece que me sustinha
No ar, em êxtase, absorto...
É ela, dizia eu,
A minha estrela do céu!
Passavas, lançando em torno,
Como lua, em noite amena,
Aquele olhar, doce e morno
Que me dava gosto e pena...
Pena de não ser só meu
Esse reflexo do céu!
Mal sabes como em nossa alma
À luz de uns olhos que atraem,
A tempestade se acalma
E as nuvens negras se esvaem;
Com a luz de um olhar teu
É uma bênção do céu!
Nesse traje, austero e grave
Toda de preto, era um gosto.
Ver não sei que luz suave
A banhar-te as mãos e o rosto...
Era a luz, suponho eu,
Que banha os anjos do céu.
Se um dia, estrela dos magos,
Me abandonares, na vida,
Deixa-me uns reflexos vagos
Como de estrela caída...
Ao menos verei no céu
Rastro da estrela que ardeu!
O eu-lírico começa a estrofe descrevendo sua amada e como ela o influenciava. Ela é uma pessoa de postura nobre e de prestígio, descrita como se fosse uma rainha. Ele, alguém tão cansado que parecia um morto, estava vivo graças ao sentimento que ela despertava nele, algo que o alimentava, o sustinha. Quando a amada passava por ele, não deixava de admira-la e pretendia deixar claro o quão importante ela é.
A presença da mulher amada era tão agradável que é comprada à lua, esbanjando doçura, que causava no eu-lírico pena por não conseguir a possuir. Apesar disso, seu brilho e seu olhar afastava qualquer sentimento ruim ou qualquer problema que ele tinha.
Na penúltima estrofe, é enaltecido a beleza da mulher, mesmo com sua roupa rigorosa preta, evidenciando sua morte. Contudo, ainda que ela estivesse morta, o eu-lírico conseguia ver seu brilho, desta vez mais angelical e, na última estrofe, ele pede que ela continue brilhando para que ele ainda possa admira-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário