E eu n’alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
“Não te amo” é um poema romântico, e o
próprio título realça a idéia de sentimentalismo, de tema amoroso. Aliás, a
freqüente repetição de “não te amo” não é mais que uma artimanha para se
afirmar o amor. A negação acaba por evidenciar um sentimentalismo repudiado:
o amor.
O eu-lírico deixa a inspiração
sobrepujar a razão e as tentativas de justificar levam-no a ceder-se a um
amor sôfrego, mesmo “aterrorizante”:
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