Não sei o que há de vago,
De incoercível, puro,
No vôo em que divago
Á tua busca, amor!
No vôo em que procuro
O bálsamo, o aroma,
Que se uma forma toma,
É de impalpável flor!
Oh como te eu aspiro
Na ventania agreste!
Oh como te eu admiro
Nas solidões do mar!
Quando o azul celeste
Descansa nessas águas
Bem como nestas mágoas
Descansa o teu olhar!
No vôo em que divago
Á tua busca, amor!
No vôo em que procuro
O bálsamo, o aroma,
Que se uma forma toma,
É de impalpável flor!
Oh como te eu aspiro
Na ventania agreste!
Oh como te eu admiro
Nas solidões do mar!
Quando o azul celeste
Descansa nessas águas
Bem como nestas mágoas
Descansa o teu olhar!
Que plácida harmonia
Então a pouco e pouco
Me eleva a fantasia
A novas regiões...
Dando-me ao uivo rouco
Do mar, nessas cavernas,
O timbre das mais ternas
E pias orações!
Parece-me este mundo
Todo um imenso templo!
O mar já não tem fundo
E não tem fundo o céu!
E em tudo o que contemplo,
O que diviso em tudo,
És tu!... esse olhar mudo...
O mundo és tu... e eu!
Então a pouco e pouco
Me eleva a fantasia
A novas regiões...
Dando-me ao uivo rouco
Do mar, nessas cavernas,
O timbre das mais ternas
E pias orações!
Parece-me este mundo
Todo um imenso templo!
O mar já não tem fundo
E não tem fundo o céu!
E em tudo o que contemplo,
O que diviso em tudo,
És tu!... esse olhar mudo...
O mundo és tu... e eu!
Nos
primeiros versos, o eu-lírico questiona-se sobre o que há de tão bom em
caminhar sem rumo e pensativo em busca de seu amor. Um sentimento que apesar de
ser descrito como vago, era algo impossível de se conter e puro.
Nessa
busca, o consolo e o cheiro de sua amada faz com que o eu-lírico descreva sua
amada como uma flor que não pode ser alcançada. A palavra “Bálsamo”,
inicialmente com ideia de consolo, alívio, alento, também se refere a uma
planta com propriedades ornamentais e medicinais.
O
eu-lírico expressa seu desejo e sua admiração pela mulher amada, não importando
se ele estivesse na ventania do agreste ou sozinho no mar. Ele compara as suas mágoas ao céu azul que
toca as águas do mar, pois ele foi tocado pelo olhar dela e mesmo assim não
teve seu amor correspondido.
Apesar
da busca, das mágoas, o homem sente harmonia e continua a fantasiar com outros
lugares, se realmente estivesse sobrevoado naqueles lugares antes descritos. Ele
compara os sons do mar que ecoava dentro da caverna como um doce e cansado som
de orações. Na última estrofe, o eu-lírico admite que suas fantasias com
paisagens e lugares longínquos são apenas alusões aos sentimentos que ele
possui pela pessoa amada, tudo ocasionado pelo olhar que ele tanto admira.
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