Amo-te, ó cruz, no vértice firmada
De esplêndidas igrejas;
Amo-te quando à noite, sobre a campa,
Junto ao cipreste alvejas;
Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos,
As preces te rodeiam;
Amo-te quando em préstito festivo
As multidões te
hasteiam;
Amo-te erguida no cruzeiro antigo,
No adro do presbitério,
Ou quando o morto, impressa no ataúde,
Guias ao cemitério;
Amo-te, ó cruz, até, quando no vale
Negrejas triste e só,
Amo-te, ó cruz, até, quando no vale
Negrejas triste e só,
Núncia do crime, a que deveu a terra
Do assassinado o pó;
Porém, quando mais te amo,
Ó cruz do meu Senhor,
É se te encontro à tarde,
Ó cruz do meu Senhor,
É se te encontro à tarde,
Antes de o sol se pôr,
Na clareira da serra,
Que o arvoredo assombra,
Quando à luz que fenece
Se estira a tua sombra,
Que o arvoredo assombra,
Quando à luz que fenece
Se estira a tua sombra,
E o dia últimos raios
Com o luar mistura,
E o seu hino da tarde
O pinheiral murmura.
Análise: nesse poema, o autor fala sobre melancolia, sobre tristeza e morte. Nos versos “Amo-te erguida no cruzeiro antigo, / No adro do presbitério, / Ou quando o morto, impressa no ataúde, / Guias ao cemitério;”, é nítida a presença de características da segunda fase do Romantismo, onde os autores escrevem seus poemas com tristeza, abordam o tema “morte”, essa fase é chamada de Ultra-Romântica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário