Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?
Não vês que a
última estrela
No céu nublado se
vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!
Deita o lanço com
cautela,
Que a sereia canta
bela...
Mas cautela,
Oh pescador!
Não se enrede a
rede nela,
Que perdido é remo
e vela,
Só de vê-la,
Oh pescador.
Pescador da barca
bela,
Inda é tempo, foge
dela
Foge dela
Oh pescador!
Nestes prezava-se a razão. Para seus
defensores o verdadeiro é o natural e o natural é o racional. Dentro da visão
iluminista prezavam-se, na poesia, valores como clareza, ordem lógica,
adequação ao pensamento. Em Portugal, figuras como Verney, que liderava o
movimento de ilustração, pregavam o predomínio absoluto à aplicação das
normas, extremamente racionalistas, para eles poetar dependia de conhecer as
normas da poesia; quando alguém as abandona e confia na inspiração, desanda.
O engenho (imaginação) do poeta deveria estar permanentemente subordinado ao
juízo, muito mais importante. Sem obediência à razão não haveria beleza.
O romantismo propõe, com sua carga
revolucionária, a quebra desse sistema rígido e alienante imposto pelo
classicismo. Para o romântico, o encontro com a verdade se alcança pela
sinceridade, o homem busca o que tem de mais sincero: o seu instinto, o seu
sentimento, finalmente dando vazão ao seu mundo interior. E são os preceitos
românticos em contestação ao classicismo, que Almeida Garrett vem evocar em
seu poema.
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